Capitulo 4
- Então
senhor Adam?- Julieta encara-o ansiosa – O que vocês descobriram?
- Bem, ontem
de manhã, eu estava fazendo uma ronda a
pé, na floresta, já que tudo indica que, talvez não seja a mesma pessoa ou
coisa, mas tudo indica que alguma coisa nova mora lá. Então, eu encontrei isso.
– Adam entrega um casaco vermelho, de botões dourados para Julieta.
Julieta
observa, tentando lembrar-se de algo. Aquele casaco era familiar, mas alguma
coisa estava escapando de seu raciocínio. Ela notou também, que ele não estava
inteiro, estava queimado.
- Sei que
parece só um casaco, mas dentro do bolso há algo que talvez seja seu.
Julieta vê
que há um isqueiro, e um papel amassado. Desenrola o papel e leva um susto. É
um desenho dela mesma sentada na escada de sua avó. Sobressaltada, ela liga os
pontos: é a mesma pessoa. O incêndio na floresta, a sua casa, o carteiro. Ela
não sabe exatamente como, mas sabe que é o carteiro o miserável que está
brincando com ela.
- Há algo
que queira me dizer? – Adam interrompe seu pensamento, com uma voz estranha.
Julieta não
responde imediatamente; Adam leva isso como uma afirmativa.
-Então esse
casaco é mesmo seu, e o isqueiro encontrado na floresta queimada é seu também.
– Fala ele, meio decepcionado.
- O quê? –
Julieta finalmente fala. – Eu não acredito que estou entendendo direito.
- Bem, há
provas! Poucas, é claro. Mas, você se tornou a principal suspeita de ter
causado o incêndio.
- Então, sou
suspeita também de perturbar a paz,invadir e quebrar minha casa, meu carro, o
que falta mesmo? – Julieta imediatamente arrepende-se de ter envolvido
policiais nisso, e repreende-se por reagir de forma exagera. – Bem, há mais
algo a me dizer?
- Por
enquanto é apenas isso. Você pode ir.
Julieta sai
com raiva e dirige para sua casa, ela precisava fazer algo, pois já que estava
morando na casa de Gina tinha de ajudá-la financeiramente, e além do mais, sua
casa já não era o melhor cofre.
...
Chegando lá,
ela mais uma vez se repreende, por ter esquecido de levar a chave da casa.
Caminha até os fundos, pretendendo entrar pela janela, quando percebe que há
uma carta no vão da janela. Ela pega a carta e amassa-a e decide ignorá-la, estava
cansada e de saco cheio de tantos joguinhos. Ela não ia ser induzida a se
atormentar tão facilmente.
Joga a carta
o mais longe que consegue e entra na casa. Pretendia ser rápida, mas lembra-se
dos dias anteriores em que aquele lugar
era seu, e era o lugar mais feliz e seguro para ela. Odiava ter de fugir. Mas,
ela sabia que não duraria para sempre, aquilo acabaria, e logo. De uma forma
boa ou mal, ela não sabia.
Sobe as
escadas, e vai até seu quarto onde tem seu dinheiro e seus pertences guardados.
Alivia-se por ainda estarem todos no mesmo lugar em que ela havia deixado. Pega
algumas mudas de roupa a mais, e seu trabalho, para o caso de se inspirar e
finalmente conseguir dar vida ao seu
livro. Com uma nova onda de ansiedade por ver que, se não fosse por seus pais,
que lhe garantiram um futuro, ela teria que procurar outro trabalho e abandonar
sua paixão pela escrita. Se e o quanto
vocês tiveram que se sacrificar? Ela pensa com lágrimas nos olhos.
Enquanto ela
embarcava no carro, lembra-se do que Adam disse horas antes: “Eu estava fazendo
uma ronda a pé, na floresta, já que tudo indica que, talvez não seja a mesma
pessoa ou coisa, mas tudo indica que alguma coisa nova mora lá ”. Eu já suspeitava. Bem, eu não serei mais a
vítima que é perseguida e manipulada. Julieta sai do carro e caminha na
mesma direção em que havia caminhado naquela noite, se embrenha na floresta, e
segue o rio que certamente é a forma mais segura para não se perder. Ela estava
determinada a encontrar o sujeito e surpreender quem for que esteja
irritando-a. Se sentindo mais corajosa do que nunca, ela encontra um pequeno bote.
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