25 de novembro de 2013

Capitulo 4

- Então senhor Adam?- Julieta encara-o ansiosa – O que vocês descobriram?
- Bem, ontem de manhã,  eu estava fazendo uma ronda a pé, na floresta, já que tudo indica que, talvez não seja a mesma pessoa ou coisa, mas tudo indica que alguma coisa nova mora lá. Então, eu encontrei isso. – Adam entrega um casaco vermelho, de botões dourados para Julieta.
Julieta observa, tentando lembrar-se de algo. Aquele casaco era familiar, mas alguma coisa estava escapando de seu raciocínio. Ela notou também, que ele não estava inteiro, estava queimado.
- Sei que parece só um casaco, mas dentro do bolso há algo que talvez seja seu.
Julieta vê que há um isqueiro, e um papel amassado. Desenrola o papel e leva um susto. É um desenho dela mesma sentada na escada de sua avó. Sobressaltada, ela liga os pontos: é a mesma pessoa. O incêndio na floresta, a sua casa, o carteiro. Ela não sabe exatamente como, mas sabe que é o carteiro o miserável que está brincando com ela.
- Há algo que queira me dizer? – Adam interrompe seu pensamento, com uma voz estranha.
Julieta não responde imediatamente; Adam leva isso como uma afirmativa.
-Então esse casaco é mesmo seu, e o isqueiro encontrado na floresta queimada é seu também. – Fala ele, meio decepcionado.
- O quê? – Julieta finalmente fala. – Eu não acredito que estou entendendo direito.
- Bem, há provas! Poucas, é claro. Mas, você se tornou a principal suspeita de ter causado o incêndio.
- Então, sou suspeita também de perturbar a paz,invadir e quebrar minha casa, meu carro, o que falta mesmo? – Julieta imediatamente arrepende-se de ter envolvido policiais nisso, e repreende-se por reagir de forma exagera. – Bem, há mais algo a me dizer?
- Por enquanto é apenas isso. Você pode ir.
Julieta sai com raiva e dirige para sua casa, ela precisava fazer algo, pois já que estava morando na casa de Gina tinha de ajudá-la financeiramente, e além do mais, sua casa já não era o melhor cofre.
...
Chegando lá, ela mais uma vez se repreende, por ter esquecido de levar a chave da casa. Caminha até os fundos, pretendendo entrar pela janela, quando percebe que há uma carta no vão da janela. Ela pega a carta e amassa-a e decide ignorá-la, estava cansada e de saco cheio de tantos joguinhos. Ela não ia ser induzida a se atormentar tão facilmente.
Joga a carta o mais longe que consegue e entra na casa. Pretendia ser rápida, mas lembra-se dos dias anteriores em que  aquele lugar era seu, e era o lugar mais feliz e seguro para ela. Odiava ter de fugir. Mas, ela sabia que não duraria para sempre, aquilo acabaria, e logo. De uma forma boa ou mal, ela não sabia.
Sobe as escadas, e vai até seu quarto onde tem seu dinheiro e seus pertences guardados. Alivia-se por ainda estarem todos no mesmo lugar em que ela havia deixado. Pega algumas mudas de roupa a mais, e seu trabalho, para o caso de se inspirar e finalmente  conseguir dar vida ao seu livro. Com uma nova onda de ansiedade por ver que, se não fosse por seus pais, que lhe garantiram um futuro, ela teria que procurar outro trabalho e abandonar sua paixão pela escrita. Se e o quanto vocês tiveram que se sacrificar? Ela pensa com lágrimas nos olhos.
Enquanto ela embarcava no carro, lembra-se do que Adam disse horas antes: “Eu estava fazendo uma ronda a pé, na floresta, já que tudo indica que, talvez não seja a mesma pessoa ou coisa, mas tudo indica que alguma coisa nova mora lá ”. Eu já suspeitava. Bem, eu não serei mais a vítima que é perseguida e manipulada. Julieta sai do carro e caminha na mesma direção em que havia caminhado naquela noite, se embrenha na floresta, e segue o rio que certamente é a forma mais segura para não se perder. Ela estava determinada a encontrar o sujeito e surpreender quem for que esteja irritando-a. Se sentindo mais corajosa do que nunca, ela encontra um pequeno bote.

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