Com
pressa para chegar na delegacia, Julieta pedala com todas suas forças. De
repente, aparece de forma inconveniente, um lagarto que decide parar na sua
frente. Tentando desviar, ela acaba atropelando um homem que por ali passava.
-Ai, meu Deus! Você se machucou?!- pergunta
enquanto ajuda o homem a se levantar. -Tinha um lagarto, eu não vi, me
desculpa, você está bem? Vou chamar uma ambul...
-Calma, calma...- diz o estranho, tentando
disfarçar a surpresa. -Estou bem, foi só um susto. Você está bem?
-Estou sim. Já que você diz que está bem,
preciso ir. Desculpe-me pelo ocorrido.- despede-se apressadamente, levantando a
bicicleta.
-Claro, sei que não foi culpa sua. Cuide-se
Julieta.
Na
pressa que estava, Julieta não dá muita atenção às palavras do desconhecido e
usa o resto da força de suas pernas fininhas pra chegar na delegacia.
...
Ao chegar, o policial olha para ela embaraçado:
- Julieta, estava a ponto de te ligar falando
que não seria necessário você vir até aqui. - Adam falou sem jeito.
- Por quê? O que vocês encontraram?
- Acontece que nós perdemos o que nós
encontramos.
- O quê? Não entendi.- Julieta exclama.
- Está bem, olha, em uma de nossas buscas havíamos
encontrado uma carta destinada a você na casa abandonada da floresta antes dela
ser incendiada, suspeitamos que a pessoa que a atormenta é a mesma pessoa que
morava nesta casa, e que provavelmente, é a mesma que colocou fogo nela também.
- Ham! Sim. - Julieta pensa consigo mesma que é
melhor não comentar sobre sua recente visita àquele local. - Mas e como assim,
vocês perderam a carta?
- Então, não sabemos como, ela estava aqui até
alguns minutos atrás. Pouco depois de ligar para você olhei para o lado e ela
tinha sumido. Desculpe-me.
- O que dizia a carta?
- Não chegamos a abrir.
-Tá, mas e agora? - Julieta pergunta estressada.
- Agora daremos uma olhada e então ligaremos
para você, caso a carta seja encontrada. Desculpe-nos, estamos fazendo o
possível.
- Ok. - Julieta sai decepcionada com a atual
situação.
Enquanto sai da delegacia, tão familiar já para
ela, tem o pressentimento que deixou passar algo. Sua cabeça parece raciocinar
mais rápido de repente, e ela lembra-se que o cara que ela quase atropelou,
mais cedo, havia dito o nome dela ao se despedir. Como sou idiota Meu Deus! É isso, é ele!!! Ele é o estranho que vem me
perseguindo, e é ele também que roubou a carta agora pouco.
Enquanto caminha, Julieta olha para os lados
esperando encontrar seu observador e surpreende-se em realmente encontrá-lo
encarando-a.
Ela caminha decididamente em direção a ele,
enquanto que ele, sedutoramente, a espera escorado no poste. Aquele sorriso
sarcástico lhe parece um alvo perfeito para uma bofetada. E é isso mesma o que
ela faz: estende seu braço, fecha o punho, e com toda sua força atinge o nariz
do cara.
- Maldito seja seu desgraçado filho da mãe! Acha
engraçado ficar fazendo joguinhos com as pessoas? O que você pensa que está
fazendo? Afinal de contas, quem você é? Não tem mais o que fazer? - Julieta
xinga-o enquanto ele massageia e limpa o pouco de sangue que sai de seu nariz,
e logo começa a rir, e quanto mais xinga, mais alto ele ri. Gargalhadas
continuam enquanto ela já cansada, toma folego para continuar seu sermão ainda
mais estressada diante da reação dele.
- Você está acabando com minha vida e com minha
carreira. De onde você me conhece? Alguém está te pagando pra isso? Por que
você está rindo? Tá maluco?!
O
estranho se controla, mas mantém o sorriso debochado. Tentando não rir ele
fala:
- Que tal você se acalmar e sairmos para jantar?
Diante da proposta absurda e inesperada, Julieta
se engasga com o chiclete que estava mascando. Também assustado com a situação
dela, o estranho tenta ajudá-la.
- Não- cof cof- me toque, seu idi...- cof- ota!-
Julieta tenta gritar.
Depois de alguns instantes, enquanto se
recupera, ela pondera o convite e decide aceitar, pois não via outra maneira de
resolver toda essa questão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário