15 de outubro de 2014

             Ansiosa por descobrir o que mais havia "perdido", Julieta vai às pressas para a garagem e, ao tentar sair, percebe que seu carro está sem gasolina. Sem outras opções, ela resolve ir com a bicicleta de Gina.
   Com pressa para chegar na delegacia, Julieta pedala com todas suas forças. De repente, aparece de forma inconveniente, um lagarto que decide parar na sua frente. Tentando desviar, ela acaba atropelando um homem que por ali passava.
-Ai, meu Deus! Você se machucou?!- pergunta enquanto ajuda o homem a se levantar. -Tinha um lagarto, eu não vi, me desculpa, você está bem? Vou chamar uma ambul...
-Calma, calma...- diz o estranho, tentando disfarçar a surpresa. -Estou bem, foi só um susto. Você está bem?
-Estou sim. Já que você diz que está bem, preciso ir. Desculpe-me pelo ocorrido.- despede-se apressadamente, levantando a bicicleta.
-Claro, sei que não foi culpa sua. Cuide-se Julieta.
   Na pressa que estava, Julieta não dá muita atenção às palavras do desconhecido e usa o resto da força de suas pernas fininhas pra chegar na delegacia.
...
Ao chegar, o policial olha para ela embaraçado:
- Julieta, estava a ponto de te ligar falando que não seria necessário você vir até aqui. - Adam falou sem jeito.
- Por quê? O que vocês encontraram?
- Acontece que nós perdemos o que nós encontramos.
- O quê? Não entendi.- Julieta exclama.
- Está bem, olha, em uma de nossas buscas havíamos encontrado uma carta destinada a você na casa abandonada da floresta antes dela ser incendiada, suspeitamos que a pessoa que a atormenta é a mesma pessoa que morava nesta casa, e que provavelmente, é a mesma que colocou fogo nela também.
- Ham! Sim. - Julieta pensa consigo mesma que é melhor não comentar sobre sua recente visita àquele local. - Mas e como assim, vocês perderam a carta?
- Então, não sabemos como, ela estava aqui até alguns minutos atrás. Pouco depois de ligar para você olhei para o lado e ela tinha sumido. Desculpe-me.
- O que dizia a carta?
- Não chegamos a abrir.
-Tá, mas e agora? - Julieta pergunta estressada.
- Agora daremos uma olhada e então ligaremos para você, caso a carta seja encontrada. Desculpe-nos, estamos fazendo o possível.
- Ok. - Julieta sai decepcionada com a atual situação.
Enquanto sai da delegacia, tão familiar já para ela, tem o pressentimento que deixou passar algo. Sua cabeça parece raciocinar mais rápido de repente, e ela lembra-se que o cara que ela quase atropelou, mais cedo, havia dito o nome dela ao se despedir. Como sou idiota Meu Deus! É isso, é ele!!! Ele é o estranho que vem me perseguindo, e é ele também que roubou a carta agora pouco.
Enquanto caminha, Julieta olha para os lados esperando encontrar seu observador e surpreende-se em realmente encontrá-lo encarando-a.
Ela caminha decididamente em direção a ele, enquanto que ele, sedutoramente, a espera escorado no poste. Aquele sorriso sarcástico lhe parece um alvo perfeito para uma bofetada. E é isso mesma o que ela faz: estende seu braço, fecha o punho, e com toda sua força atinge o nariz do cara.
- Maldito seja seu desgraçado filho da mãe! Acha engraçado ficar fazendo joguinhos com as pessoas? O que você pensa que está fazendo? Afinal de contas, quem você é? Não tem mais o que fazer? - Julieta xinga-o enquanto ele massageia e limpa o pouco de sangue que sai de seu nariz, e logo começa a rir, e quanto mais xinga, mais alto ele ri. Gargalhadas continuam enquanto ela já cansada, toma folego para continuar seu sermão ainda mais estressada diante da reação dele.
- Você está acabando com minha vida e com minha carreira. De onde você me conhece? Alguém está te pagando pra isso? Por que você está rindo? Tá maluco?!
 O estranho se controla, mas mantém o sorriso debochado. Tentando não rir ele fala:
- Que tal você se acalmar e sairmos para jantar?
Diante da proposta absurda e inesperada, Julieta se engasga com o chiclete que estava mascando. Também assustado com a situação dela, o estranho tenta ajudá-la.
- Não- cof cof- me toque, seu idi...- cof- ota!- Julieta tenta gritar.
Depois de alguns instantes, enquanto se recupera, ela pondera o convite e decide aceitar, pois não via outra maneira de resolver toda essa questão.

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