9 de março de 2013

 Ao entrar em sua casa, tranca a porta e corre para a janela, onde fica durante quase duas horas   tentando ver algo.
Tudo o que vê são os galhos das árvores balançando com o vento.
 Com um sobressalto, lembra-se da misteriosa caixa que o carteiro havia deixado ali à algumas horas atrás. Corre até seu quarto, onde havia deixado a caixa. Fica à observá-la por alguns minutos, sem coragem de abri-la. Até que decide telefonar para sua amiga.
-Alô?- Diz a amiga meio grogue.
-Hã, oi Gina, sou eu, Julieta. Tudo bem?
-Tudo sim, aconteceu alguma coisa? São duas horas da madrugada.
-Não, não aconteceu nada, não ainda eu acho.Preciso que você venha até minha casa.
-Qual é o problema?- Pergunta Gina assustada.
-Vem até aqui que te conto. ok?
-Tá bom, já chego ai então.
 Julieta desliga o telefone, sem saber ao certo por que chamara sua amiga até ali aquela hora.
Qual seria a ligação que havia entre todos esses acontecimentos? O que aconteceu ao antigo carteiro? O que havia naquela estranha caixa? Essas eram perguntas que esperava que Gina pudesse ajudar a responder.
 Enquanto aguarda a chegada da amiga, Julieta vai até a cozinha preparar um café, e fica submersa em pensamentos. Até que, com um susto, ouve a campainha e vai abrir a porta.
-Pode começar a falar, você me deixou assustada!- Diz Gina, ao entrar na casa.
Julieta conta a história toda pra Gina (menos a parte em que ficou ficionada pela cicatriz do carteiro).
-Você acha que tudo isso tem uma ligação ou é apenas mera coincidência?- Pergunta Julieta.
-Eu não sei o que dizer. Por que não abrimos logo essa tal caixa? Talvez lá encontremos alguma pista.
Julieta concorda e as duas vão até o quarto.
 A caixa estava em cima da cama. As duas sentam ao seu redor e, com um leve suspense, Julieta abre a caixa vagarosamente.
  Enrolado em papéis picotados, estava um pequeno gravador. Julieta o pega e percebe que dentro havia uma fita. Aflita, aperta o botão 'reproduzir'.
  No começo, o que escuta lhe parece estranho, mas depois percebe que aquela era uma das gravações que sua mãe havia feito quando Julieta era criança. Nesta, Julieta cantava feliz a música Hey Jude, a qual sua mãe costumava cantar pra ela dormir...
  Lágrimas rolam em seu rosto, mas Julieta não sabe se é de emoção ou medo, pois a única cópia da fita havia sido perdida no incêndio que matara seus pais.
Julieta conta para Gina que a criança cantando é ela, e que é impossível a fita estar ali. Ambas ficam em silêncio por um tempo, tentando encontrar uma explicação para isso tudo. Até que Gina diz que precisa ir para casa, pois já estava quase na hora de ir trabalhar. As duas se despedem e Julieta volta para o quarto, e escuta a fita incontáveis vezes até que adormece.
 Quando acorda, vai até a cozinha e prepara seu almoço, pois já passava das 13 horas.
 Enquanto come, decide ir até o coreio da cidade para encontrar o carteiro para lhe pedir de quem e de onde veio aquela caixa. Lembra-se que ainda tinha que reparar os danos que haviam em seu carro.
 Pega sua bolsa e vai até seu carro, e percebe um novo risco em sua lateral, mas o diferente é que dessa vez, junto com o risco, há um amassado.
   Que diabos era tudo isso?
Essa era a pergunta que ela tentava responder durante o caminho até a mecânica.
  Chegando lá, deixa o carro, e vai a pé até o coreio.
-Bom dia!- Diz gentilmente ao caixa.
-Bom dia, em que posso ajudá-la?
-Ontem pela manhã, o novo carteiro deixou uma caixa na minha casa, mas essa caixa não possuia endereços, nomes, nem selos. Gostaria de saber se tem como localizar a pessoa que me mandou ela.
-Bom, pra isso você precisa de alguns documentos. A senhorita disse: novo carteiro? -Pergunta o caixa.
-É, ele era moreno, e, hã, tinha uma cicatriz no rosto.
- Desculpe senhorita, mas não há um novo carteiro. A senhora deve ter se enganado.
-Mas eu vi ele, com o uniforme e tudo. Talvez o outro carteiro tenha pego férias ou algo assim.
-Não minha cara, as férias são dadas apenas no fim do próximo mês. Posso ajudá-la com mais alguma coisa?- Pergunta o caixa num tom de deboxe.
-Não, era só isso. Obrigado.- Julieta se despede com um aceno de cabeça e sai.
 E agora, o que faria? Quem era aquele homem?
  Vai até a praça, e senta em um banco, pois teria que esperar o carro ficar pronto. Gina só sairia do trabalho daqui uma hora, e Julieta estava ansiosa para contar as novidades para a amiga.
   Talvez aquele homem fosse carteiro da cidade vizinha e tivesse se enganado e deixado a caixa na sua casa. Não, não podia, pois aquela gravação só poderia ser pra ela, pra quem mais seria?
Com esses pensamentos, Julieta espera os minutos passarem.

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